segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PESQUISA E DESCOBERTAS


A equipe do projeto “O Estilo Nacional Português na Região de Ouro Preto” realiza visitas in-loco aos monumentos previamente selecionados para a base de pesquisa do mesmo. As igrejas e capelas selecionadas são visitadas, catalogadas e fotografadas, criando um banco de dados que destaca principalmente os elementos que compõem a talha nelas existente.
No último dia 17 de setembro, nossa equipe esteve presente nas cidades de Raposos e Sabará, onde na Matriz de Nossa Conceição da primeira, foi realizado o levantamento de elementos dos altares e em Sabará também na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a Igrejinha de Nossa Senhora do Ó. E ,por um intuído da equipe, a visita a Capela de Santo Antônio do Pompeu, que apesar de singela e por estar fora da região central da cidade, apresenta uma rica talha com elementos idênticos a outras igrejas, como é o caso de anjos no arco do cruzeiro desta capela que são os mesmos encontrados na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré em Cachoeira do Campo.
No gráfico a seguir a distribuição percentual dos retábulos por localidade (localidades até agora identificadas como possuindo altares, ou restos de altares, do estilo analisado aqui).


O PROJETO E AS ESCOLAS

A linha de pesquisa desenvolvida pelo projeto “O Estilo Nacional na Região de Ouro Preto” tem atraído a atenção de escolas públicas e particulares da nossa região.
Um programa de palestras e visitas orientadas às igrejas que possuem retábulos do Nacional Português tem sido um novo braço do projeto, que já vem chamando a atenção da comunidade estudantil, de professores e até mesmo pesquisadores do assunto.
Durante o mês de setembro, aconteceram palestras e visitas, como é o caso de alunos da Escola Estadual Padre Afonso de Lemos de Cachoeira do Campo – MG, que tiveram a oportunidade de participarem de uma visita orientada à Matriz de Nossa Senhora de Nazaré.
O orientador do projeto, Professor Alex Bohrer, e o bolsita Rodrigo Gomes, receberam os alunos na igreja que é considerada uma das mais ricas e belas de Minas Gerais, representante do autêntico Estilo Nacional Português.
Tal iniciativa que partiu da própria escola incentivou a equipe do projeto a realizar outras palestras e visitas aos monumentos. As escolas interessadas podem fazer contato para agendamento, as solicitações serão atendidas dentro da possibilidade da equipe.
Nossos contatos:
e-mail: estilonacionalportugues@gmail.com
http://oestilonacionalportugues.blogspot.com/
tels.; 0xx31 3559-2202/0xx31 9117-1708

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CONHEÇA NOSSA EQUIPE

O projeto “O Estilo Nacional Português na Região de Ouro Preto” conta com a coordenação e orientação do Professor Alex Fernandes Bohrer, coordenador do CODACIS (Coordenadoria da Área de Ciências Sociais) do IFMG – Instituto Federal de Minas, Campus Ouro Preto.
A equipe conta com um bolsista do PIBIC; professores da instituição (com afinidade teórico-temática) e bolsistas voluntárias.
Conheça nossa equipe:
- Professor Orientador:
Alex Fernandes Bohrer - CODACIS
- Professores Co-coordenadores
Maria da Glória Celestino – CODAGEO
César Coelho e Castro – CODACIS
-Bolsista PIBIC:
Rodrigo da Conceição Gomes
(Curso de Tecnologia em Conservação e Restauro)
- Bolsistas Voluntárias
Marice Aparecida Gonçalves
Tainá Keller e Costa
(Curso de Tecnologia em Conservação e Restauro)

Maiores Informações:
e-mail: estilonacionalportugues@gmail.com
http://oestilonacionalportugues.blogspot.com/
tels.; 0xx31 3559-2202/0xx31 9117-1708
Fotos: Equipe do Projeto em visita técnica a Igreja de Nossa Senhora do Ò em Sabará - MG

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O OBJETIVO MAIOR...

O nosso objetivo geral é a catalogação dos retábulos Nacionais Portugueses em Minas Gerais (neste primeiro momento visamos catalogar as peças remanescentes especialmente nos municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito), bem como a criação e disponibilização do material resultante num Banco de Dados.

Como objetivos específicos, listamos, a saber:
-Visitar igrejas dos municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito que tenham retábulos do Nacional Português;
-Fotografar tais retábulos (fotos gerais e específicas de detalhes),
-Descrever iconograficamente tais retábulos;
-Levantar oragos específicos de tais retábulos (invocação principal e outras imagens encontradas em cada retábulo, contribuindo assim para se ter uma idéia geral das invocações santorais, as que mais se reptem e as que são raras);
-Inserir as fotos e a descrição num Banco de Dados;
Esperamos que o resultado final, o Banco de Dados, possa se tornar contributo importante a todos que se interessem por pesquisar temas ligados ao Barroco Mineiro, especialmente temas relacionados à morfologia barroca (através das fotos e descrições iconográficas) e à cultura barroca setecentista (invocações comuns, localização de imagens, recorrência de medalhões distintivos etc).
Foto: Interior da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré - Cachoeira do Campo - MG/Rodrigo Gomes

O PROJETO E SEUS OBJETIVOS

Os retábulos do Nacional Português são rastros a seguir quando queremos compreender a produção criativa mineradora do século XVIII. Representantes de um momento artístico inicial das áreas auríferas, as igrejas de Minas se transformaram em canteiros de obras para onde artífices de diferentes partes acorriam, intercambiavam idéias, inventavam técnicas, adaptavam suas concepções plásticas. E é pelo estudo destas igrejas que devemos começar para entender o que hoje é chamado de Barroco Mineiro. Contudo, resta pesquisar sistematicamente essa produção ancestral, que atualmente constitui um certo vazio de nossa história. O Nacional Português nas Minas marca o berço de uma das mais esplendorosas épocas artísticas e culturais, nos legando obras de inestimável valor e artistas de altíssimo nível.
O objetivo principal do trabalho proposto é preencher visível lacuna na historiografia mineira e brasileira. Desde as tentativas de sistematizar, catalogar e classificar os retábulos feitas por Germain Bazin e Lúcio Costa, o interesse pelo Nacional Português se estagnou, causando um retardamento danoso no que concerne ao entendimento dos primeiros anos de Minas Gerais e à produção artística e cultural do período. Faltam, para o período, abordagens não só culturais, mas demográficas e políticas. O “nascimento” de Minas e seu contexto artístico-cultural continuam sendo, em grande parte, uma sombra que vez por outra recebe luz em obras esporádicas.
Os retábulos do Estilo Nacional Português são encontrados em algumas regiões de Minas, desde cidades meridionais até o antigo Distrito Diamantino. Contudo, salta aos olhos, pela quantidade e qualidade artística, a confecção deste tipo de peça nos arredores de Ouro Preto. Há exemplares afins nos distritos de Cachoeira do Campo (Matriz de Nossa Senhora de Nazaré), Glaura (Igreja de Santo Antônio) e São Bartolomeu (Igreja de São Bartolomeu e Capela de Nossa Senhora das Mercês), além de duas peças na sede. Há ainda retábulos desta tipologia em Mariana e Itabirito, próximos ao território ouro-pretano. Apesar da ligação inequívoca com criações portuguesas coetâneas, tais retábulos apresentam características próprias, que transitam desde um gosto vernáculo (Glaura) até espetaculares criações eruditas (Matriz de Cachoeira do Campo).
Texto: Alex Bohrer
Logomarca do Projeto: Rodrigo Gomes

O RETÁBULO DO ESTILO NACIONAL PORTUGUÊS

A Talha em Portugal é das expressões artísticas, juntamente com o azulejo, de carácter mais original e abundante. Está normalmente ligada à decoração interna de igrejas e catedrais, mas também faz parte da decoração de salões nobres em palácios e grandes edifícios públicos. A talha dourada destaca-se, principalmente através dos impressionantes conjuntos retabulares na maioria das igrejas portuguesas. Desenvolve-se a partir da época gótica, assumindo características nacionalistas durante o século XVII e o esplendor máximo durante o reinado de D. João V. No século XIX vai perdendo significado, torna-se cópia de modelos passados, e acaba por desaparecer com o fim dos revivalismos.

A talha dourada é um modo muito impressionante e relativamente simples de transformar um espaço num local de luxo e ostentação pois a madeira é facilmente esculpida e coberta com folha de ouro. O resultado adapta-se ao gosto da época, é mais barato e mais impressionante do que recorrer a outros tipos de decoração, tecnicamente mais exigentes, como a escultura ou a pintura. Os custos da estrutura decorativa ficam aquém do valor necessário para o mesmo trabalho noutro suporte (excepto o azulejo), porque a quantidade de ouro necessária é relativamente pouca. Não é necessário os artistas possuírem a formação específica de um escultor ou de um pintor, atingindo um resultado final surpreendentemente bom e barato. As formas decorativas são retiradas da arquitectura e dos tratados que circulam pela Europa divulgando as novidades na arte, mas durante o século XVII desenvolvem um vocabulário tipicamente português. Ao ser transportada para os vários locais do império adapta-se às formas e aos artistas locais como é visível no Brasil ou no oriente.

É muito usual o artista entalhador responder a encomendas regionais que garantem a actividade da sua oficina, fazendo, por vezes, vários trabalhos próximos numa determinada área geográfica. Chegaram até nós exemplos verdadeiramente notáveis, confirmando o prestígio dos criadores de magníficas “máquinas” retabulares de norte a sul de Portugal. Apesar de na época não serem considerados verdadeiros escultores o resultado final nega, frequentemente, esta ideia. Existem, também, exemplos policromos, brancos ou em madeira natural, mas sem o impacto visual da talha dourada. A sua associação à pintura ou ao azulejo permite tornar os programas decorativos mais complexos aumentando ou diminuindo o preço da empreitada.

SMITH, Robert C -A talha em Portugal, Lisboa, Livros Horizonte, 1963,
Imagem: Fonte Google.com.br